OBSESSÃO
"Entre
os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na
primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram
adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos
inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento
infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem,
retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas
presas. Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Espírito deste e o
conduzem como se fora verdadeira criança. A obsessão apresenta caracteres
diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e
da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um
termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais
variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. "(Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XXIII).
Assim,
tal fenômeno existiu em todas as épocas da humanidade, de tal modo que, na
época de Jesus, usava-se o termo possessão para denominar os fenômenos de cunho
obsessivo. Recordemo-nos de quando Jesus caminhava e deparou com um homem
mentalmente perturbado. O homem inquiriu o Mestre: "quem és
tu?"
Jesus respondeu: "Eu sou Jesus, e tu meu irmão, quem és?" O
homem, totalmente desequilibrado, disse: "Tu não, nós...nós somos
legião". Jesus, sabendo perfeitamente que tratava-se de um processo
obsessivo, asseverou: "Legião, sai dele". E rendendo à perfeição do
Mestre os espíritos inferiores foram-se e deixaram aquele homem em paz.
Assim,
"é a obsessão, cobrança que bate às portas da alma. É um processo
bilateral. Faz-se presente porque existe de um lado o cobrador, sequioso de
vingança, sentindo-se ferido e injustiçado, e de outro o devedor, trazendo
impresso no seu perispírito as matizes de culpa, o remorso ou do ódio que não
se extinguiu." (Suely Caldas Schubert, Obsessão / Desobsessão).
"As
causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. E, às vezes,
uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida
presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do
que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os
outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a
impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o
objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o
irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o
seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o
lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. Um deles se
apegou como "tinha" a uma honrada família do nosso conhecimento, à
qual, aliás, não teve a satisfação de enganar. Interrogado acerca do motivo por
que se agarrara a pessoas distintas, em vez de o fazer a homens maus como ele,
respondeu: estes não me causam inveja. Outros são guiados por um sentimento de
covardia, que os induz a se aproveitarem da fraqueza moral de certos
indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resistirem. Um destes últimos, que
subjulgava um rapaz de inteligência muito apoucada, interrogado sobre os
motivos dessa escolha, respondeu: Tenho grandíssima necessidade de atormentar
alguém; uma pessoa criteriosa me repeliria; ligo-me a um idiota, que nenhuma
força me opõe". (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XXIII).
Podemos
ressaltar que as causas da obsessão são as seguintes:
· Vingança
de espíritos contra pessoas que lhes fizeram mal nesta reencarnação ou em outras
reencarnações;
·
Simples
desejo de fazer os outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia, pois o espírito
inferior se compraz em fazer alguém infeliz.
·
Para
usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem
os obsidiados a cometê-los (cigarro, drogas, sexo, etc)
·
Apegos às
pessoas pelas quais tinham grandes paixões quando em vida; .por interesses em destruir, desunir, dominar,
provocar o mal, manter distúrbios, partindo de espíritos inteligentes das
hostes inferiores.
Allan
Kardec salienta (A Gênese, pág. 305) que "Nos casos de obsessão grave, o
obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que
neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele..." Ainda nos orienta
o Codificador (mesma obra, pág. 285), que "Sendo o perispírito dos
encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com
facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem
sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quando, por sua extensão e
irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o
perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com quem se
acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente
uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se os eflúvios maus
são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens físicas; não é outra a
causa de certas enfermidades". Daí a idéia de que "No conhecimento do
perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis".
(Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. I)
Posto
isso, a obsessão é um fenômeno que causa sofrimento demasiado, estando, assim,
na raiz de grande parte das depressões, angústias e transtornos psicológicos.
Para o
tratamento da obsessão, o indivíduo deve procurar uma Casa Espírita a fim de
fazer um tratamento de desobesesão com o intuito de que o espírito obsessor
seja fraternalmente esclarecido e siga o seu caminho. Ressalta-se que tal
procedimento é realizado por uma equipe devidamente habilitada constituída de
doutrinadores, médiuns e sustentadores, para que o espírito adquira consciência
e liberte-se da situação do modo mais tranqüilo possível. Quanto ao encarnado,
assistir palestras espíritas, usufruir do passe, manter pensamentos
edificantes, ter uma paisagem mental positiva perante a vida, estudar e
entender a Vida Maior, ter uma palavra impecável, entregar-se à caridade em
todos os momentos, fazer da vida uma oração constante, etc, são os meios de
elevar a faixa vibratória e curar-se da obsessão. É a reforma íntima que cada
um de nós deve promover em si, mantendo o pensamento elevado, com falas e
atitudes corretas em todos os contextos. Tal problemática é do interesse de
todos nós e, assim, lembremos da frase de Jesus: "Vigiai e Orai".
Indica-se,
para não iniciantes na Doutrina Espírita, além das obras básicas, a leitura das
obras de Joanna de Ângelis (Triunfo Pessoal e Elucidações Psicológicas à Luz do
Espiritismo – psicografadas por Divaldo Franco) e Manoel Philomeno de Miranda
(Nos Bastidores da Obsessão, Nas Fronteiras da Loucura, Loucura e Obsessão,
Trilhas da Libertação, Painéis da Obsessão, Tormentos da Obsessão e, Sexo e
obsessão – psicografados por Divaldo Franco). Para os iniciantes na Doutrina
Espírita indica-se O Livro dos Espíritos (Allan Kardec), O Livro dos Médiuns
(Allan Kardec), Desobsessão (André Luiz/Francisco Xavier) e Transtornos Mentais
(Suely Caldas Schubert).